
A década de 80 foi um marco para o cinema pela qualidade da safra de filmes que entraram em cartaz. Um Tira da Pesada, Os Caça Fantasmas, Curtindo a Vida Adoidado, são alguns dos filmes que marcaram tal década e toda uma geração. Até quem não viveu nesses anos sabe reconhecer o quão marcante esses clássicos são para a história do cinema. E faz parte dessa lista uma das melhores trilogias de todos os tempos: De Volta Para o Futuro.
O primeiro filme da franquia estreou no dia 3 de Julho de 1985. A história, escrita por Bob Gale e Robert Zemeckis, é a seguinte: O cientista Dr Emmet Brown (Chistopher Lloyd, ótimo por sinal) descobriu uma forma de viajar no tempo. Para tanto, ele construiu um “Capacitor de Fluxo” em um DeLorean que funciona por uma fissão nuclear utilizando plutônio. Para documentar toda a descoberta, Doc Brown chama Martin McFly (Michael J. Fox, perfeito no papel de Martin), único na cidade que ainda cofia em seu trabalho e que é seu amigo. Só que um imprevisto durante os testes faz com que Martin acabe voltando 30 anos no passado. De Volta Para o Futuro era um filme que estava fadado a não acontecer. Nenhum estúdio aceitava o roteiro por vários motivos. Um deles seria que quando Martin volta para o passado ele acaba se tornando um interesse amoroso de sua mãe, então 30 anos mais nova. Esse ponto da história sempre foi encarado como ofensa para vários chefes de estúdio, encarando como incesto algo que ficou extremamente inofensivo e hilariante na tela. Além disso, os envolvidos tinham em seus currículos alguns fracassos no cinema. O único que topou produzir o filme foi um antigo parceiro de Zemeckis, Steven Spielberg. Este, quando leu a primeira versão do roteiro viu uma potencial franquia em suas mãos. E Spielberg estava certo. A qualidade do roteiro, do elenco e da direção impecável de Zemeckis fez do filme um dos mais vistos de 1985. Com um orçamento na faixa de US$ 19 milhões, De Volta Para o Futuro virou um sucesso imediato de publico e bilheteria faturando cerca de US$ 381 milhões por todo o mundo.
Quatro anos depois do sucesso do primeiro filme, De Volta Para o Futuro Parte II entrou em cartaz. Tal atraso na estreia aconteceu pois a produção do filme decidiu fazer algo inovador na época: gravar os dois últimos filmes da trilogia juntos. Foi a melhor saída encontrada para poder manter a maioria do elenco do primeiro filme, que mesmo assim acabou tendo alguns desfalques, como Crispin Glover (George McFly, pai de Martin) que acabou não aceitando voltar para mais dois filmes por razões financeiras. E mesmo assim, Robert Zemeckis e Bob Gale conseguiram uma saída de mestre focando o roteiro do filme em Martin e nas consequências das viagens no tempo. Partindo do gancho deixado no final do primeiro filme, De Volta Para o Futuro Parte II viaja dessa vez 30 anos no futuro. Doc Brown foi para o futuro e viu coisas terríveis acontecerem com Martin e sua família com Jennifer Parker (Elisabeth Shue, que assumiu o papel de Jennifer após a saída de Claudia Wells). E no meio disso tudo, uma ação de pura ganância faz com que coisas comecem a dar errado no passado, alterando o futuro de todos. Nessa segunda parte, vemos uma história um pouco mais complexa, mas de fácil compreensão. A liberdade dada pelo estúdio para Zemeckis e Gale fez com que eles pudessem trabalhar melhor a história que seria desenvolvida em dois filmes. O roteiro é tão impecável que, mesmo deixando um gancho para uma continuação, ele consegue concluir perfeitamente a história do segundo filme, dando a ele um começo, meio e fim. Além disso, o texto consegue trabalhar melhor os personagens do que no primeiro filme, mostrando faceta que fazem todo sentido para a persona de cada um, com destaque para Biff Tannen, antagonista dos dois primeiros filmes que foi muito bem interpretado por Thomas F. Wilson. De Volta Para o Futuro Parte II entrou em cartaz no dia 22 de novembro de 1989. Custou cerca de US$ 40 milhões de dólares e faturou cerca de US$ 332 milhões em bilheteria.
Um ano depois do sucesso do segundo filme, entrou em cartaz De Volta Para o Futuro Parte III. Com o objetivo de concluir a série, Zemeckis e Gale mandaram Martin McFly e seu DeLorean de volta para o passado. Mas dessa vez a viagem foi um pouco mais longe. Depois que Doc Brown sofreu um acidente com um raio no segundo filme, Martin descobre que uma falha no sistema de comando temporal acabou levando Doc para 1885, no velho oeste. E Martin precisa voltar para o passado para evitar que algo trágico aconteça com seu mentor e amigo. É impressionante como Zemeckis e Gale trabalham o humor e a ficção científica no cenário de Western nesse terceiro filme. Tendo como parâmetro a parte II da trilogia, que foi futurista em vários sentidos, a homenagem dos dois para os Westerns, especialmente os dirigidos por John Ford, faz com que qualquer apaixonado por cinema se identifique com o fanatismo dos dois. Situações cômicas (como a parte em que McFly se apresenta como Clint Eastwood), a participação do ZZ Top, e o modo como eles concluem a trilogia, traz um ar mágico para esse terceiro filme. Um excelente ponto final para uma trilogia que marcou época. De Volta Para o Futuro Parte III estreou no dia 25 de Maio de 1990, 6 meses depois do seu sucessor, mostrando que o modo de gravação conjunta era uma excelente forma de manter os expectadores ainda mais ansiosos para a conclusão da trilogia. Custou a mesma coisa que o segundo filme (Totalizando, juntos, US$ 80 milhões de dólares) e teve um faturamento de aproximadamente US$ 245 milhões de dólares, número inferior às duas primeiras partes, mas extremamente expressivo para a época.
A trilogia De Volta Para o Futuro foi um marco para o cinema. Com histórias bem contadas e muito bem escritas, a franquia merece todos os fãs que possui. A técnica de construir um único set de filmagens e aproveita-lo nos três filmes com somente algumas modificações, barateou a produção e deu bastante liberdade criativa para diretor e produtores inovarem em seus cenários, criando parâmetros até hoje seguidos em Hollywood. O humor muito bem trabalhado e perfeitamente casado com a ficção científica faz dos filmes da franquia serem inesquecíveis. Como não sentir inveja da prancha flutuante e do tênis que se amarra sozinho? Como não querer ser amigo de Doc Brown? Como não se identificar com Martin e suas dúvidas e incertezas sobre o futuro na adolescência? Como não querer dar uma volta no tempo com aquele DeLorean? Várias perguntas que só elevam a trilogia ao nível máximo de adoração. 
