Desde dia cinco de março de 2012, ninguém pode “atravessar as fronteiras da vida terrena para se dirigir ao Além.” A morte, pois é disso que se trata, ficou assim proibida aos habitantes de Falciano del Massico, uma aldeia italiana de menos de 4.000 almas. A proibição abrange igualmente “quem se encontre de passagem” no município, ou seja, qualquer visitante, turístico ou não.
A ordem foi publicada pelo presidente do município Giulio Cesare Fava. Cardiologista de profissão, Fava está à frente dos destinos de Falciano desde 2007, quando foi eleito pela lista do centro cívico, por um punhado de votos a mais do que o oponente.
É certo que a ordem para não morrer abre uma hipótese de desobediência, “a quem não puder evitá-la.” E desde 5 de Março, já dois idosos atravessaram “a fronteira da vida terrestre” e foram mesmo para o Além, à revelia da ordem do presidente.
O problema agora é enterrá-los. É que Falciano, uma localidade a 50 quilómetros de Nápoles, no sopé do monte Massico, não tem cemitério. Ou melhor, o único que tinha pertence agora à comunidade vizinha de Carinola. Desde setembro de 1964, quando se fez a divisão do território e ninguém se lembrou de reservar para Falciano uma parte do cemitério.
Falta o cemitério
Há 48 anos que, quem morre na aldeia tem de encontrar um nicho nos cemitérios vizinhos. Todas as tentativas de construir um em Falciano falharam.
As administrações anteriores chegaram a ter um projeto. Moderno, integrava uma igreja com cúpula, crematórios e uma capela para outros cultos. “Custava cerca de 14 mil milhões das antigas liras, muito para uma comunidade pequena, como a nossa”, diz Fava.