Originalmente um livro que virou filme, “As
aventuras de Pi” conta a história de Piscine Molitor Patel que
aos poucos consegue conquistar seu próprio apelido(Pi) onde em uma
viagem da Índia para o Canadá, sobrevive a um naufrágio e acaba sendo obrigado
a compartilhar o barco com um tigre até conseguir voltar a terra firme. Todo o
filme se passa com Pi, já velho, contando sua aventura a um escritor que irá
futuramente redigi-la.
Sendo somente um resumo o parágrafo
acima, certamente muitos não teriam interesse em ver o filme, assim como não
tive quando vi o primeiro cartaz (um menino indiano em um barco com um tigre).
Por sorte tive a curiosidade em saber o que livro poderia ter, pois sempre
considerei uma boa prática ler livros antes de ver os filme de suas adaptações.
Um livro onde o leitor termina cada capítulo e acaba deixando para o outro dia
a continuação da leitura, não por ser chato e ao excesso de informação, mas por
ser citado muitos acontecimentos simples de nossos dia a dia de uma maneira tão
intima a ponto de nossa reflexão sobre o determinado tema acaba sendo muito
mais profunda que o normal quando vemos a maneira que ela é explicita no livro.
Por exemplo, em certo ponto do livro Pi se mostra ser adepto de várias
religiões de uma maneira tão lógica e tão bonita que chegamos a entender o que
se passa em sua cabeça, mas tudo sendo explicado através de uma mente infantil.
Isso acaba fazendo com que o leitor se questione até onde, sendo adulto ou não,
sua fé acabou sendo estendida, de maneira lógica e como ele chegou a tal
conceito. Porém a discução imposta não é o objetivo da temática, e sim passar a
mensagem de respeito e aprendizagem de convivência.
O filme realmente não consegue
chegar à mesma profundidade do livro, porém o conceito básico é facilmente
absorvido pelo telespectador. Ang Lee fez isso muito bem quando os ótimos
diálogos do filme são somados as cenas muito bem feitas, esses dois elementos
são extremamentes dependentes um do outro. Imaginado a ausência de um dos dois,
ou a má construção do mesmo o filme acabaria ficando confuso ou até mesmo
chato, sem conseguir prender a atenção de quem assiste. Não só por isso Lee
está de parabéns ao mostrar-se bem entendido das novas tecnologias oferecidas
atualmente para a construção do filme, animais feitos em computador e uma
enorme piscina que simulou o oceano durante todo o filme. Sem contar que um
detalhe muito importante no filme, foi aquele humor saudável e inocente de
situações que não requerem apelação nenhuma, somente a naturalidade da
história.
A oscilação entre momentos
tristes e alegres acaba deixando o filme sempre com uma sensação de superação,
sobrepondo à maneira de como o livro faz o leitor ser tão reflexivo. Então
certamente “As aventuras de Pi” não é o tipo de história onde o leitor lé o
livro para depois ver no filme a retratação do que leu, mas sim uma maneira diferente de se ver o
conto. Certamente a ordem, ler e ver, e vice versa, não irá alterar o conjunto
que o filme e o livro faz, por isso achei muito importante citar bastante sobre
o livro nesta crítica, para não desperdiçar o incrível “conjunto”(livro e
filme).
Em resumo “As aventuras de Pi” não
é filme que não exige paciência e, para
que já assistiu, ser otimista acaba deixando o filme mais interessante.