Não é fácil produzir uma série de época. Vários
fatores são essenciais para que uma série ambientada no início do século 20 dê
certo. O investimento é um dos fatores importantes, pois qualquer produção de
época é bem mais cara do que outra ambientada nos dias de hoje. Além de um bom
investimento por parte de alguma produtora, ainda falta ter profissionais
competentes na equipe de produção. Se tudo isso estiver perfeito, ainda fica
faltando o fator principal: Um bom roteiro. Downton Abbey, além de ter todos os
pré-requisitos que a colocam no ranking como umas das melhores séries de época
em termos de produção e roteiro, ainda dá um show com excelentes atuações e
direção impecável.
A série é focada em uma família aristocrata e
seus criados que vivem na fictícia Downton Abbey, um palácio localizado em
Yorkshire, na Inglaterra, durante o reinado de Jorge V no século XX. E o ponto
de partida da série vem de um acontecimento no ano de 1912 que teve repercussão
no mundo todo: o naufrágio do RMS Titanic. A partir dai, conhecemos o dilema do
Lorde Grantham quando o assunto é a sua sucessão no comando de Downton Abbey e
sua cidadela. O problema de Lorde Gratham foi não ter tido nenhum filho. Por só
ter tido filhas, o herdeiro de toda a fortuna da família Crawley precisa ter
alguma descendência real para poder casar-se com sua filha mais velha. E o
herdeiro mais próximo, que estava praticamente com o noivado marcado, morreu no
naufrágio do Titanic.
Algumas pessoas podem achar a premissa da série meio boba ou sem graça. Mas o modo como o tema é abordado e fascinante. E fora todo o drama envolvendo a sucessão oficial da família, a série ainda se permite espaço para ótimas subtramas entre os criados. Estas são tão bem escritas que todos os atos e conflitos no núcleo dos criados acabam atingindo de alguma forma a família real. O criador e roteirista da série, Julian Fellowes, só erra a mão quando tenta dar ênfase a subtramas por muitas vezes desnecessárias para a série, deixando de lado a parte mais importante da história. Mas essa falha é compensada quando o roteirista aborda um tema polêmico para a época de forma incisiva e direta.
E com o
respaldo de um roteiro muito bem escrito, atores brilham. Claro que todos se
esforçam, mas há aqueles que merecem destaque. Maggie Smith está perfeita no
papel de Violet Crawley. Ela está tão bem que dá para esquecer seu trabalho,
também primoroso, como Minerva McGonagal lá nos filmes de Harry Potter. Além dela,
Hugh Bonneville (Robert Crawley, Conde de Grantham), Michelle Dockery (Lady
Mary Crawley, filha mais velha do Conde), Laura Carmichael (Lady Edith Crawley,
filha do meio do Conde), Siobhan Finneran (Sarah O’Brien, criada pessoal de
Cora Crawley, esposa de Robert), Rob James-Collier (Thomas Barrow, lacaio) são
apenas alguns que também merecem destaque.
Para atores funcionarem na tela, o roteiro e as
atuações não são toda a parte do processo. Os diretores que dirigiram os
episódios da série foram escolhidos a dedo. E cumprem muito bem o seu papel,
mostrando intrigas entre a família Gratham sem ao menos usar uma frase do
texto, só com cortes de imagem e close-ups nas atuações. Aliados a ótima
direção, a fotografia é de dar inveja a vários filmes. De tão bem filmada, em
vários momentos, é só dar pause no vídeo e sua TV se transforma em uma obra de
arte. Não se assuste em se pegar várias vezes parando a série e simplesmente admirando
o modo como tudo foi filmado. Sem contar na ótima escolha das locações para as
filmagens que influenciam diretamente esse encantamento com cada quadro do
vídeo.
Não é atoa que a série vem colecionando prêmios
todo ano. Downton Abbey justifica cada prêmio que ganha somente com um
episódio. Se você está querendo assistir uma produção de época impecável em
todos os aspectos, que ganha de muitos filmes Hollywoodianos, Downton Abbey é perfeita.
Se você busca uma série com ótimo roteiro, recheado de ótimas atuações e muito
bem filmada, ela continua sendo nossa indicação. Não perca seu tempo com alguns
dramas rasos que existem por ai, vá assistir Downton Abbey!