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26/06/2014

Dica HQ: V de Vingança


   As décadas de 70 e 80 foram muito importantes para os quadrinhos. 
 Com a paixão por histórias de super-heróis consolidada após a recuperação das baixas vendas na década de 50 devido à perseguição política sobre a violência nas HQs, era chegada a hora de mostrar o nível de qualidade que essas histórias poderiam ter. Novos autores com novas visões influenciaram muito o futuro das HQs. Nomes como Alan Moore, Frank Miller, Dan Jurgens, John Byrne, Neil Gaiman, Grant Morrisson entre outros, deram profundidade as histórias como nunca antes vista. Moore, ao lado de David Lloyd, foi o responsável por uma das melhores histórias de anti-heróis de todos os tempos: V de Vingança.
   A história começa após um conflito político que leva a uma guerra nuclear. Um novo poder totalitário assumiu o poder da Britânia e impõe um regime autoritarista a sua população que é constantemente vigiada e controlada. O Poder do Estado controla todos os meios de comunicação, sessando totalmente qualquer direito de liberdade ao povo. No meio dessa crise, surge V, um anti-herói mascarado que elabora um atentado ao Estado visando o retorno da liberdade aos cidadãos. Disfarçado de Guy Fawkes, histórico personagem britânico, V também leva consigo uma vingança pessoal. No meio de seus planos, V conhece Evey, jovem garota que perdeu os seus pais durante o período da guerra. Ela logo se torna aprendiz desta figura tão importante para a história do seu país.
   Para o leitor não é difícil achar aquele futuro impossível. E para aumentar ainda mais essa à sensação, Moore situa sua história há poucos anos depois do ano da publicação. Essa aproximação funciona como uma critica ao modo como seu país estava sendo conduzido naquele tempo, sem excluir a possibilidade de todos aqueles acontecimentos serem perfeitamente possíveis em qualquer lugar do mundo. Moore excluiu todos os "efeitos sonoros" dos quadros para reforçar essa sensação realista da sua história. Qualquer pessoa naquele universo poderia ser o V. Todos nós temos um pouco daquele anti-herói. E o leitor se sente tão próximo dele como se aqueles ideais estivessem surgidos primeiro na sua própria cabeça. V de Vingança te faz pensar de um modo que nenhuma outra história consegue. E o conto de Valerie no meio da narrativa emociona e transforma tanto Evey como o leitor.
   Outro ponto importante para a narrativa são os desenhos. Não é tarefa fácil para nenhum cartunista narrar uma história sem descrições nas imagens. Aqueles textos descrevendo os acontecimentos dão contexto à imagem. Mas isso não é necessário em V de Vingança. David Lloyd consegue descrever em seus traços todo o peso da história sem usar tais artifícios. Lloyd mostra a anarquia em que os personagens estão de modo impactante, sem igual, quase que como um tapa na cara do leitor, que se vê obrigado a admirar quadro a quadro, perplexo como se os traços fizessem mais sentido do que a narrativa em si. Dá pra sentir a qualidade da Graphic Novel sem ao menos ler uma única frase. Se todos os acontecimentos fossem descritos em texto como um livro, não surtiriam o mesmo efeito sobre o leitor.
   V de Vingança será eternamente atual. A visão de um futuro anárquico de Moore sempre será possível nas nossas vidas. Só por isso, todo fã de quadrinhos precisa lê-la. A qualidade da história, todo o drama vivido pelos personagens, a ação bem distribuída e seu valor histórico, torna a narrativa de Moore e Lloyd obrigatória para qualquer leitor em geral.

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