Tratar de temas
polêmicos é complicado. E quando esses assuntos estão ligados a religiões é
pior ainda.
Depois do sucesso de crítica de Fortaleza Digital, Dan Brown trata
de retratar antigos segredos do Vaticano em sua segunda obra. Anjos e Demônios
é a primeira aventura de Robert Langdon, principal personagem da carreira
de Brown, e é polêmico em todos os seus aspectos.
Às vésperas do
conclave que vai eleger o novo Papa, Robert Langdon, famoso professor de
Simbologia de Harvard é chamado às pressas para analisar um misterioso símbolo
marcado a fogo no peito de um físico assassinado em um grande centro de
pesquisas na Suíça. Ele descobre indícios de que uma poderosa e antiga
fraternidade considerada extinta a mais de 400 anos planeja uma vingança apocalíptica
contra a Cidade do Vaticano. Os Illuminati, como são chamados, estão armados
com uma nova e poderosa arma e nesse ataque não há margem para negociação. Cabe
a Langdon, ao lado da bela Vittoria Vetra e em meio a traições e conspirações, revirar
todos os segredos dos Illuminati e do Vaticano e seguir por toda Roma para
tentar salvar a vida dos 4 cardeais que foram sequestrados (os mais cotados
para a vaga de novo Papa) e encontrar o covil da fraternidade, evitando aquele
que poderá ser o maior atendado de todos os tempos contra a capital da religião
com mais fiéis do mundo.
Brown repete em
Anjos e Demônios o que acabaria se tornando sua marca registrada: o suspense
repleto de ação. Como antes visto em Fortaleza Digital, a narrativa de Brown baseasse
o tempo inteiro em segredos e atentados. Esse seu ponto forte acaba novamente
reduzindo parte da qualidade do livro. Quase não há momentos de “calmaria”
durante a narrativa. Todos os acontecimentos levam a uma correria sem fim, criando certo
nível de cansaço desnecessário no leitor e reduzindo a qualidade do suspense.
Para contornar esse "defeito" na narrativa, Brown enche seu livro de
curiosidades a respeito dos temas abordados. Difícil não se ver espantado com
certos fatos informados (e verdadeiros) presentes no livro. Brown sabe muito
bem desse sentimento que ele causa em seus leitores, católicos ou não. A nota
de abertura, após os agradecimentos, confirmando que todas as informações
usadas como base para a história são verdadeiras, só reforçam essa sensação. E
ambientar sua história acerca dos segredos do Vaticano intriga ainda mais
qualquer leitor. O passeio turístico pelas ruas da cidade sagrada e por Roma é
outro ponto forte. O modo como Brown descreve cada igreja, capela ou monumento,
te coloca inteiramente lá ou no mínimo te faz descrever subconscientemente uma
fotografia perfeita do local. De repente, a sua visão daquela Capela descrita
no livro é praticamente a mesma da realidade. Essa fidelidade na escrita e
qualidade na pesquisa dos fatos são convites do autor ao conhecimento da
sua história.
Anjos e Demônios
amplifica as qualidades e defeitos previstas em Fortaleza Digital. Mesmo usando
temas totalmente diferentes, os pontos fortes na escrita de Brown são ainda
mais charmosos em seu segundo livro. Este, que é o preludio para o maior
sucesso de sua carreira, O Código Da Vinci. Conhecer Robert Langdon em Anjos e
Demônios aumenta o envolvimento com a sua persona antes da trama de O Código Da
Vinci, dando mais qualidade para ambas. Dan Brown consegue criar polêmica não
só com os assuntos abordados em seus livros, mas também em como eles reborarão
na mente de cada leitor.