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06/06/2014

Especial: O Poderoso Chefão


   Pode-se dizer que grande parte de tudo que vemos hoje é uma evolução ou regressão dos novos preceitos gerados pela Contra Cultura na década de 60 e 70. A música, as roupas, quase tudo mudou, juntamente com um novo modo de pensar.  

No cinema não foi diferente. Filmes como Bonnie e Clyde, Easy Rider, serviram de combustível para que os novos diretores pudessem agir de forma mais ousada, como verdadeiros artistas que são. Aliás, são esses novos diretores que além de alçar a importância deles na criação de seus filmes, fizeram com que estes influenciassem todos os futuros diretores até então. Nomes como George Lucas, Steven Spielberg, Martin Scorsese, Woody Allen são parte do time que revolucionou o cinema. Mas, pode-se dizer que um dos maiores mentores foi Francis Ford Coppola. E seu trabalho mais importante foi, tanto na sua carreira como para esse novo movimento e para a história do cinema, a trilogia de O Poderoso Chefão.



   O Poderoso Chefão (The Godfather) conta a história de Don Vito Corleone, patriarca da família Corleone, chefe da máfia italiana em Nova York. Quando outra família tenta pedir ajuda a Vito com proteção e auxilio político para difundir e administrar a venda de narcóticos em Nova York, Corleone nega ajuda, pois já se vê satisfeito com todos os seus negócios e se rejeita a se misturar com traficantes. Essa negativa faz despertar uma guerra mortal entra as famílias, colocando em cheque o que é mais importante para todos. Baseado no icônico livro de Mario Puzo, o primeiro Poderoso Chefão impressionou público e critica. O primeiro relato da vida dos Corleones foi inacreditável. Testemunhas contam que o filme tinha tudo para dar errado. O principal astro (Brando) estava sem compromisso algum com as gravações, passava a maior parte do tempo dentro de seu trailer e brigava constantemente com Coppola. E quando entrava em cena, não fazia sequer questão de decorar todas as suas falas (algumas ficavam pregadas nas costas dos atores coadjuvantes). E mesmo assim, Brando foi esplendido no papel de Don Corleone. Um ponto forte e espantoso para a época foi o fato de que Coppola, mesmo sendo a ultima opção da Paramount para direção do filme, toma a história para si de um modo único, particular, intenso. Sua visão sobre a história de Puzo é marcante em todos os momentos. A iluminação usada em todo o filme glorifica cada atitude dos personagens e dá uma profundidade a cada sequência nunca antes visto no cinema. Todo o filme funciona perfeitamente, minuto a minuto, causando tensão ao espectador sobre a que ponto toda aquela barbárie iria levar. Não é a toa que até hoje ele é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. O Poderoso Chefão estrou em 1972, custou aproximadamente 7 milhões de dólares e fez mais de 245 milhões em bilheteria por todo mundo. Recebeu 10 indicações ao Óscar, vencendo 3 delas, como Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando) e Melhor Roteiro Adaptado.


   Em 1974, impulsionado por todo sucesso do primeiro filme veio O Poderoso Chefão Parte 2. Agora, com Michael Corleone no poder dos negócios da família, vemos o filho mais novo tentando expandir os seus negócios, no meio de traições e uma investigação federal. Vemos também a história de origem até a vida adulta de Vito Andolini, futuro Don Vito Corleone. A adição de flashbacks para contar a ascensão de Don Corleone em Nova York é o ponto alto do filme. Com interpretação de Robert De Niro no representando Vito na infância, ele conseguiu interpretar tão bem tudo que aconteceu na vida de Corleone que é como se estivéssemos vendo um Marlon Brando no papel do mesmo, só que mais jovem. Essa parte do filme é tão impactante que ofusca um pouco a outra metade da história. Aliás, a segunda parte da narrativa, mesmo com mais um show de atuação de Al Pacino como Michael Corleone, deixa um pouco a desejar em relação ao primeiro longa. Mesmo assim, O Poderoso Chefão Parte 2 ainda é um ótimo filme. O segundo filme apurou mais de 193 milhões de dólares em bilheteria, recebeu 11 indicações ao Óscar, vencendo 6 delas, como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora.


   Em 1990, chegou aos cinemas mundiais a aguardada terceira e ultima parte da trilogia que não tinha planos para tanto. Dessa vez a história se passa na Europa, quando Michael Corleone está arrependido de todas as suas atitudes passadas e tenta limpar o seu nome e tentar reaproximar a sua família que a muito tempo anda afastada. Enquanto Michael planeja se afastar dos negócios obscuros com um investimento milionário no banco do Vaticano, a máfia encara isso como uma traição e busca vingança a aquele que um dia foi um dos seus líderes. Com uma cara de filme europeu, a trilogia de Coppola tem em seu terceiro episódio o mais inferior em qualidade de todos. O poder da família Corleone chega a um nível exagerado demais. Fica difícil engolir todo aquele poder de Michael dentro do Vaticano. Nesse terceiro vemos um Al Pacino atuando de forma mais automática, sem todo aquele destaque dos dois filmes anteriores. Mesmo com um clímax com um assassinato muito bem filmado (ponto mais alto do filme), a impressão que ficou foi que aquela regular continuação não acrescentaria mais nada a tudo de bom que foi visto antes. Coppola devia ter parado nos outros dois filmes. Nem o retorno do bom elenco, e a dição de novos bons atores, conseguiram melhorar a qualidade desse terceiro episódio. Mesmo com uma avaliação mais negativa do público e da crítica em relação aos outros, O Poderoso Chefão Parte 3 mais de 136 milhões de dólares em bilheteria mundial, recebeu 7 indicações ao Óscar e não levou nenhuma estatueta.

   Pelo valor histórico, o importante papel no cinema e pela qualidade da adaptação da história de Mario Puzo, a Trilogia de O Poderoso Chefão é uma coletânea de filmes obrigatórios para qualquer fã de cinema e arte em geral. A trilha sonora marcante e suas sequencias amplamente copiadas durante todos os últimos anos em inúmeros filmes e séries, é outro fator importante. Uma verdadeira aula de direção, roteiro e atuações. Tudo graças às mentes dos jovens que viveram o ápice da reviravolta cultural no mundo todo. O século mais fértil ideologicamente de todos os tempos.

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