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07/07/2014

Dica HQ: Batman - A Piada Mortal

   Criar empatia entre um vilão e o público não é uma tarefa das mais fáceis.
 Independente de suas ações, as pessoas continuariam concordando com as atitudes altruístas dos heróis. Alguns autores até conseguem instigar em seus leitores aquela velha discursão mental sobre se existe certo ou errado naquele contexto. Anthony Burgess com seu Alex em Laranja Mecânica, Jeff Lindsay com seu Dexter Morgan são bons exemplos disso. Mas, pra impressionar o leitor como Alan Moore conseguiu com A Piada Mortal é muito difícil.
   Um dia ruim. É apenas isso que separa um homem são da loucura. Pelo menos segundo o Coringa, um dos maiores e mais conhecidos ( se não o maior de todos) vilão do mundo dos quadrinhos. E ele quer provar o seu ponto de vista enlouquecendo ninguém menos que o principal aliado do seu maior inimigo: O comissário Gordon. Cabe ao Cavalheiro das Trevas impedir.
   Com sua história focada intencionalmente no coringa, Moore consegue criar a melhor história de origem para o vilão. Seu roteiro aproxima tanto Batman e seu antagonista, que ao final os dois se entendem perfeitamente. Um trauma pode realmente mudar a vida de uma pessoa. E é nesse ponto que Moore acerta em cheio com a sua história. O fato de existir uma justificativa para os atos de vilão e herói humanizam ambos a um ponto de perfeita sinergia com o leitor. A narrativa faz dessa aproximação seu ponto forte, dando a experiência da leitura um prazer único. E a discursão interna em entender o que é certo e o que é errado nas atitudes dos personagens nunca teve um gosto tão prazeroso como em A Piada Mortal. As ilustrações reforçam essa aproximação prevista no texto. Com desenhos de Brian Bolland, A Piada Mortal cativa qualquer um, seja fã ou não. É uma obra de arte das melhores, com profundidade semelhante a qualquer quadro famoso por aí. Olhar para os olhos do Coringa em determinados quadros faz o leitor ter diversas impressões sobre a genialidade e a crueldade em seus atos. Dá até pra pensar se existe alguma justificativa para as suas atitudes. Somente o texto de Morre e as ilustrações de Bolland para despertar tais questionamentos nos leitores.

   O Batman possui o status de herói mais realista das HQs. Ele é o que é graças a um trauma sofrido na sua infância. Como ser humano, ele é igual a qualquer outra pessoa. Não possui superpoderes e não é de outro planeta. Sim, existem outros heróis com origens semelhantes. Mas o drama da vida de Bruce Wayne é único, marcante, intenso, cruel. Com A Piada Mortal, Alan Moore mostra que os vilões são tão humanos quanto os heróis. Suas atitudes e seus traumas são tão genuínos em seu princípio quanto os de seus antagonistas. Bruce Wayne e o Coringa são iguais a mim e a você. São vítimas de acontecimentos, mudanças, perdas. E são as dúvidas entre o certo e o errado no universo de A Piada Mortal que fazem desta uma das melhores histórias já escritas.

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